domingo, 26 de dezembro de 2010

Receita de Ano Novo

Entrada de Baixio (Linha Verde)

Amigos,
Recebi este texto de Carlos Drummond de Andrade da amiga Andréa Averna. Gostei tanto, que quero compartilhar com vocês.
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

                     Renascer significa compreender o favorecimento de uma pausa para oportunizar o surgimento de um novo alvorecer (JAIR TÉRCIO, 2009).
 

sábado, 13 de novembro de 2010

Viagem de volta

De volta a minha terra, lugar que guarda lembranças da infância - nem sempre boas, porém inevitáveis e necessárias para o amadurecimento do meu ser.

O lugar onde nascemos diz muito sobre quem somos, e eu vejo-me em meu povo, na simplicidade e coragem, na luta pela sobrevivência, na raça e na gana de quem busca a cada dia ser melhor do que  foi  no dia anterior.

Nossa terra é o chão onde primeiro pisamos, guarda marcas entranhadas no solo, como que fósseis de seres pré-históricos, moléculas de DNA.

Toda visita é uma busca de recomeço... e aqui, registro algumas imagens de uma dessas viagens de retorno ao lar.

Fotos de Ana Lúcia Cruz













Lançamento de livro

domingo, 7 de novembro de 2010

A Música

A música me inspira, emociona, energisa e acalma. Necessito de música assim como necessito de oxigênio, de água, luz e calor.

A música anima, eleva a alma, tranquiliza, ativa os meus neurônios e organiza um baile de sinapses eletrizantes. Entro em tranze, conecto-me a Deus através dela.

Amo a música do meu povo e assim divulgo, pois, muitas vezes, o que vale a pena está no anonimato.

Selecionei algumas músicas que costumo ouvir e compartilho com vocês um pouco da belíssima música feita por baianos, gente que canta e encanta a alegria e a tristeza, a dor, o sofrimento e a felicidade, afinal "é melhor ser alegre do que triste!"

Confesso que sou exigente. Minha inteligência não permite ouvir qualquer coisa, gosto de qualidade, de ritmo, harmonia e conteúdo.

Aproveitemos!

Jau Peri - Cidade dos Poetas

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Se precisar de qualquer coisa, a feira de Sátiro Dias tem

Das minhas muitas lembranças da infância, a feira de Sátiro Dias é uma constante. O cheiro, as cores, os sabores... minhas lembranças são assim... acionam todos os sentidos.

Morei na cidade até os 7 anos - interrompidos por idas e vindas a Alagoinhas (minha segunda terra) e a São Paulo (terra de muitos nordestinos). Neste setênio em que vivi por lá, a segunda-feira era marcada pela movimentação da feira. Os carros de som, o sino da igreja, os caminhões pau-de-arara, a alvorada de Alfredo (o ônibus dirigido por Seu Alfredo) subindo e descendo a ladeira do corte, do monte e do cruzeiro, levando e trazendo vendedores e compradores, gente simples, de vida dura e feliz!

A casa de meus avós sempre estava repleta de familiares e amigos que vinham da roça, para vender, comprar ou fazer rolo (escambo).

Era mesmo um dia especial!

Muitos anos depois, sempre que volto para visitar meus pais, volto a velha feira - que não é mais a mesma, mas ainda guarda seus encantos. Ainda vende rapadura, sandália de couro,  chapéu, bacias plásticas, pratos de barro, candeeiro, fumo de rolo, esteira, cebola, cominho e coloral, roupas e muito mais. Hoje tem até CD e DVD piratas, óculos de sol, bonés e tênis falsificados, sorvetes e muitas bugigangas.

Fotos de Deraldo Portella (meu esposo)








O que compramos aqui, não encontramos em nenhum outro lugar. O produto podemos até achar, mas não com aquele aroma, aquele sabor, aquelas cores, e a energia do lugar.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Diário de uma aventura em família

Fevereiro de 2010. Final de férias, período de Carnaval...

Como bons viajantes, aventureiros por natureza, decidimos ir até Aracajú visitar alguns parentes e amigos. Era início de um dia ensolarado na capital da Bahia. Buscando novas experiências, resolvemos mudar o caminho e fazer a travessia de balsa entre Terra Caída e Estância. Uma escolha acertada! Visual maravilhoso, apesar da chuva torrencial do início da travessia, em Sergipe.

Fazia tanto frio, que o manobrista da balsa resolveu dançar na chuva para se aquecer!

Fotos de Ana Lúcia Cruz - tirada de dentro do carro (na balsa)
Mangue Seco vista da balsa
Chegando em Estância-SE, pegamos outra balsa para a Praia do Mosqueiro. Neste instante o sol aparecia, ainda tímido, para nos homenagear! Apesar da longa espera na fila, a travessia foi bem rápida, apenas 10 minutos.

Na fila esperando a balsa e aproveitando o visual



Na ocasião estavam construindo uma ponte que fará a travessia, embora eu prefira a emoção da balsa. Acredito que da próxima vez, poderemos atravessar pela ponte para experimentar algo novo, como sempre fazemos.

Chegamos em Aracajú!

Aracajú
A fome aperta e resolvemos ir almoçar no Shopping Center mais próximo. Encontramos um restaurante oriental muito legal! A comida boa, barata e as funcionárias muito simpáticas! Gostamos de natureza, comida simples, pé no chão, mas... às vezes uma comidinha diferente cai bem!

                                         Restaurante Shau Shau
Como todo bom aventureiro, tenho uma história pra contar sobre este lugar... minha filha mais nova comeu um sanduiche de queijo na estrada e passou mal... vomitou ali mesmo, na mesa do restaurante!!! O pessoal da limpeza, discretamente, veio limpar, e tudo ficou bem! Fizemos uma quentinha para ela comer depois e seguimos para a casa de Tia Ana Maria , irmã de minha mãe, em São Cristóvão, região metropolitana de Aracajú.

Foto tirada por minha filha Atala - roseira de Tia Ana Maria

São Cristóvão é uma cidade histórica muito importante na História do Brasil. Foi a primeira capital de Sergipe até março de 1855 e tem o título de quarta cidade mais antiga do Brasil. Considerada Monumento Nacional, a cidade preserva da época colonial, prédios históricos e tradições culturais. Foi tombada pelo IPHAN como Patrimônio Arqueológico, Etnográfico, Paisagistíco e Histórico da Humanidade.

São Cristóvão

Aracajú faz parte de nossas aventuras devido a localização, servindo de ponto de apoio. Além das pessoas queridas que vivem lá. Á noite, o programa é certo: comer pastel com caldo de cana (garapa) na orla e apreciar as belezas do lugar.



Ponte Construtor João Alves
Para não perder o costume, meu marido teve a brilhante ideia: "Ana, vamos visitar seu tio Tom em Macéió?" e eu, como sempre, consultei as companheiras de viagem, Luana e Atala,  e aceitamos a sugestão! Seguimos viagem logo cedo, embaixo de muita chuva, a caminho de Neópolis-Se, para fazermos a travessia do Rio São Francisco para Penedo-Al. Maceió é um paraíso! Sempre que podemos, aparecemos por lá. Até mesmo porque, nossos anfitriões, meu tio Tom, sua esposa - poetisa - Edna e meu primo Vini, são pessoas da melhor qualidade!

Só na minha família mesmo para termos o privilégio de convivermos com Tom e Vinícius (tio e primo)!

Estrada para Neópolis-SE
Foto tirada por mim da balsa

Um navegante solitário contempla as águas turvas do São Francisco. Talvez busque preencher o vazio de sua vida dura e simples, esquecer-se dos problemas, das contas, da mulher, dos filhos, dos peixes que ainda não pescou...

O navegante segue sua rota, sendo observado de longe, por uma família que muitas vezes, é tão semelhante a sua.

Penedo vista da balsa
Praia do Gunga
Na Praia do Gunga paramos para esticar o corpo e, mais uma vez, apreciar o visual daquela enorme fazenda de coqueiros rendendo-se aos encantos do mar. 

Seguindo em frente, paramos em Marechal Deodoro, na Praia do Francês. Uma praia linda! Muito sol, mar, camarão pistola... Huummm! Encantos de Alagoas.


Praia do Francês
Meu tio Tom estava em Salvador. E nós, decidimos esticar a viagem até Maragogi, a última cidade litorânea do estado de Alagoas. Fizemos esse mesmo percurso em 2007 e já sabíamos aonde ir, a quem procurar, onde dormir. Só esquecemos de um detalhe... era carnaval e todas as pousadas e hotéis estavam lotados...

Maceió
Antes de chegar a Maragogi passamos um perrengue danado! Caiu uma chuva da pesada! Muita chuva, um dilúvio! Com visibilidade zero e muita fome, resolvi pedir ajuda a aquele que nunca nos decepciona: "Oh, Deus! Por favor nos mande um restaurante!"

Por incrível que pareça, foi só dobrar a curva... apareceu como que um milagre, um restaurante "Bom Jesus". Acreditem!

Só esqueci outro precioso detalhe: não mencionei a Deus a qualidade do restaurante que queria! Ninguém merece!

Macarrão mais unido do que gêmeos xipófagos, frango frito duro, purê de batatas tão duro quanto massa de pedreiro... um horror! Até o aspecto do restaurante era de matar! Pra começar, uma cabeça de boi enfeitava a parede como um troféu... o banheiro sem água... só a coca cola tinha aquele reconhecível gosto de algo que se toma quando a qualidade da comida é duvidosa!


Neste caso, a coca cola teve uma outra finalidade também. Del prendeu o dedo na porta do carro e usamos a coca gelada para anestesiá-lo.

Seguimos para Maragogi aproveitando que a chuva deu uma trégua.


Maragogi
Depois de procurar muito um lugar para dormir... sem sucesso... finalmente encontramos um chalé "Chalés Dourado", longe do centro de Maragogi. Olha, cheguei a conclusão de que somos merecedores de boas aventuras. Encontramos um lugar muito legal e com um precinho camarada. Tudo que um viajante quer, não é?

Depois de um banho de mar, voltamos ao centro de Maragogi para comprar nosso jantar e o café da manhã para o dia seguinte, pois, iríamos seguir viagem muito cedo e o café do chalé só começa às 7:30. Agora seguiríamos até Natal, capital do Rio Grande do Norte, para visitar nosso compadre Maurício Negreiros, um carioca que mora lá.

Esta foto foi tirada por Deraldo
Fotos minhas




A famíla no mar
"E se quiser saber pra onde eu vou, pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou...
  E se quiser saber pra onde eu vou, pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou..."

Chegamos a Recife, e como das outras vezes, ninguém quis parar... 

Na primeira viagem que fizemos ao litoral nordestino, partindo de Salvador (onde moramos), almoçamos em Olinda e seguimos para João Pessoa. Ficamos em Cabedelo, região metropolitana. Visitamos a Praia do Jacaré, o extremo oriente das américas, etc. Adoramos o lugar, as pessoas, a beleza natural e o preço das coisas.

Gente, como Salvador tem preços altos!

Desta vez, paramos em um shopping em João Pessoa, almoçamos na Cabana do Possidônio e seguimos viagem.

O shopping é bem agradável! E o restaurante também. A comida deliciosa! Lá tem um salmão fantástico!

Fotos de Deraldo Portella



Finalmente chegamos a Natal, capital do Rio Grande do Norte, no sábado de Carnaval. 

Fomos muito bem recebidos por nosso compadre Maurício Negreiros, o carioca.

À tardinha, fomos conhecer o carnaval de Ponta Negra, bairro onde Maurício mora, com seu filho Gabriel. Foi uma experiência maravilhosa!

Foto minha
Fotos de Del





Festa bem familiar: bandinhas de frevo, blocos de mascarados, muita animação e tranquilidade.
Fiquei surpresa com a educação das pessoas... em pleno carnaval, não se via uma lata ou copo descartável no chão. Tudo limpinho! Nada de cheiro de xixi! 

No domingo, água, céu e mar... que delícia!

Praia de Ponta Negra ao lado do Morro do Careca

Fizemos a travessia da ponte sobre o Rio Potengi, que liga Natal a Redinha, indo para Jenipabu. Da outra vez que estivemos lá atravessamos de balsa, pois a ponte ainda não estava pronta.


Fotos tiradas por mim de dentro do carro



Os moradores e até mesmo a imprensa local costuma escrever Genipabu, embora a Academia Brasileira de Letras oriente que palavras de origem indígena devem ser escritas com "J". Jenipabu vem do Tupy "Jenipa-bu", local onde se encontra jenipapo.

Outra curiosidade sobre a cidade é que, apesar de fazer parte dos roteiros turísticos de Natal, Jenipabu é município de Extremoz, que faz divisa ao norte com a capital do estado.
Como boa educadora, interesso-me prontamente por conhecer o "Aquário de Natal"., na divisa entre a capital e Extremoz. O aquário é de propriedade privada, contém cerca de 6o espécies de animais diferentes.

Uma boa pedida!












Na Praia de Jenipabu, paramos na "Barraca do Gordo" para almoçar. Comemos uma peixada deliciosa! A comida tem como principal ingrediente o leite de coco. Aqui eles não usam azeite de dendê, como estamos acostumados na Bahia.

O gordo, que nem é tão gordo, serve um suco de acerola "dos deuses"!
Acabamos ficando por aqui o resto do dia.

Fotos minhas



Foto de Deraldo Portella

Foto de Deraldo (meu esposo)

Foto de Deraldo

Foto de Deraldo

Foto de Deraldo

Foto minha
À noite fomos curtir o carnaval mais uma vez.
No dia seguinte, segunda-feira de Carnaval, fomos conhecer um balneário incrível! Balneário do Chico. Muitas árvores, plantas, animais, água limpa... e muita comida boa!

Fotos minhas



À noite, fomos conhecer um restaurante que serve rodízio de camarão, a Barraca do Caranguejo, huummmm!

Além de provar diversos tipos de receitas de camarão (ao alho e olho, ao molho de ervas finas, bobó, dentre outros), curtimos um grupo de danças tradicionais nordestinas e conhecemos um pouco mais da nossa cultura, que é tão bela e rica.
 

Fotos minhas


Xaxado

Lambada

Carimbó


Zé do Coco - Cordelista
E a viagem não acabou por aqui!