quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Da sacada do Palácio Rio Branco

Da sacada panorâmica do Palácio Rio Branco contemplo. Surgem lembranças históricas guardadas na memória. Como é gratificante sentir-se viva, parte da história de um povo! Recordar fatos e contos passados de pais para filhos ao longo da vida!

Quem sou eu nesta história? Qual o meu papel neste mundo? "Qual a parte que me cabe neste latifúndio?"

Da sacada panorâmica do Palácio Rio Branco vislumbro. A minha frente surgem possibilidades...
A vida é dura! Mas muito mais duro é lidar com a morte!
Sinto, penso, reflito e ajo...

Contemplar a natureza externa me conecta com a minha natureza interna. Quem eu sou, afinal? Quais princípios éticos, estéticos e morais quero deixar de herança para as minhas filhas?

Estar frente a frente comigo, me faz transcender... sou muito mais do que vejo refletido no espelho!

A grandiosidade daquela paisagem vista da sacada, denuncia o quão significativa é a vida. Embora vivamos, se não criando, ampliando os problemas, os conflitos e o caos...

A vida é bela, meu amigo... depende das lentes de quem tira a fotografia!

E esta foi tirada por mim.

Foto tirada da sacada do Palácio Rio Branco, em Salvador


O prazer de ler

Antonio Torres

Recebi um e-mail de meu tio Tote (Antonio Torres), indicando o site Clínica Literária. Acessei, li alguns textos e me deliciei com o texto escrito por ele "Se nem Freud explica, acesse o google". Muito pertinente!

Lembrei de um texto do livro "Entre a Ciência e a Sapiência: o dilema da educação", de Rubem Alves, do qual retirei um fragmento para a nossa reflexão: 

"Ler pode ser uma fonte de alegria. 'Pode ser'. Nem sempre é. Livros são iguais a comida. Há os pratos refinados, como o cailles au sarcophage, especialidade de Babette, que começam por dar alegria à alma. E há as gororobas, que malcozidas, empelotadas, salgadas, engorduradas, que além de produzir vômito e diarréias no corpo produzem perturbações semelhantes na alma. Assim também os livros.

Ler é uma virtude gastronômica: requer uma educação da sensibilidade, uma arte de discriminar os gostos. O chef prova os pratos que prepara antes de servi-los. O leitor cuidadoso, de forma semelhante, "prova" um pequeno canapé do livro, antes de se entregar à leitura".

Concluo que os blogs e sites são semelhantes aos livros e a gastronomia!
O site Clínica Literária é prova cabal disto!

Visite, e leia também, o texto escrito por meu tio: www.clinicaliteraria.com.br
www.antoniotorres.com.br

terça-feira, 21 de setembro de 2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Profa. Ana Lúcia Cruz - FTC - EAD

Chanda Mama | Playing For Change

Michael Jackson Medley

Ama de leite


AMA DE LEITE

Era manhã de uma segunda-feira no árido verão do velho Junco, uma pequena cidade localizada nas entranhas do sertão baiano, quando um grito desesperado cortou o silêncio da velha casa de Dona Ana Dias.

Sua filha do meio estava em trabalho de parto. Era dia de feira na cidade e todos os amigos e familiares que moravam na roça, vinham “se arranchar” com Dona Ana. Era homem, mulher, criança, idoso, moça velha, e um mundaréu de gente correndo pela casa, entrando e saindo para depositar as mercadorias compradas ou para renovar o estoque das mercadorias que vendiam na feira.

Para parir sossegada, a filha de Dona Ana exigiu que naquele quarto simples, onde havia apenas uma cama com colchão de mola e um guarda-roupa antigo, um cabideiro velho onde penduravam um guarda-chuva e um jaleco de couro que o marido de Dona Ana usava para ir negociar na feira livre, só ficassem Dona Joana, a parteira da cidade, e sua assistente.

O marido, aflito com a chegada do primeiro filho, refugiou-se na bodega de Tonho com os amigos fiéis tomando “Jurubeba Leão do Norte” e andando de um lado para outro, bebendo e fumando para aliviar a ansiedade. Ao ouvir o grito desesperado de sua mulher, saiu em disparada. Entrando afoito pelo longo corredor da casa,  perguntou aflito:

- O moleque nasceu? O moleque nasceu?

Naquela época na cidade não havia hospital, médico ginecologista ou obstetra, exame pré-natal, muito menos exame de ultrassonografia. Por isso havia também a ansiedade para saber o sexo do bebê.

Dona Joana, mãe Juana, como todos a chamavam, respondeu de dentro do quarto sem porta e com uma cortina de voal azul-turquesa:

- É uma menina, cabra safado!

A notícia frustrou os sonhos do pai, que sentou-se no chão, com as duas mãos sobre a cabeça, lamentando o infortúnio de não ter um homenzinho.

Dona Ana, a avó de primeira viagem, tentava acalantar o genro tão querido:

- Fique calmo, meu filho! O que importa é que nasceu com saúde! - disse-lhe calmamente, como se querendo confortar a si mesma.

Aquela menina recém-chegada ao mundo foi batizada com o nome da avó, que também foi escolhida como sua madrinha, e amamentada por mãe Juana, a negra de peitos fartos, que além de trazê-la ao mundo, foi sua ama de leite. Inclusive, dizem na região, que muitos dos que nasceram naquela época podem considerar-se irmãos, pois, mamaram nas mesmas tetas daquela negra espetacular.

Contando e cantando

Na zona rural daquela cidadezinha do interior, nos cafundós do Brasil, lugar que nem constava no mapa, lá onde o vento faz a curva, onde Judas perdeu as botas, cresceu Aninha…
Vida simples, sem luxos nem confortos, mas uma vida feliz! Sofrida, muito sofrida, mas ao mesmo tempo feliz. É difícil entender como pode uma pessoa ser sofrida e feliz ao mesmo tempo. É como se todo o sofrimento não causasse dor. É como se já nascesse resiliente, resignada.
Correndo por entre os matos, acordando com o canto dos galos,  dormindo com as galinhas, ouvindo as histórias da mãe e as cantigas do pai, o aboio do avô vaqueiro. Tomando o leite récem-tirado da vaca, comendo as frutas tiradas no pé… assim passou os primeiros anos da sua infância.
Lembra dos casos contados por seu pai sobre a casa mal-assombrada em que moravam e dos acontecimentos no trajeto que percorriam toda noite entre a casa da avó Ana, na pequena cidade e a casa na roça. Da luz do candieiro e o cheiro do querosene, do encontro com os parentes em tempo de colheita, as brincadeiras na casa de fazer farinha, do gosto do beiju de tapioca que a mãe fazia…
Recorda-se quando seu pai viajava para São Paulo, “o eldorado” do povo pobre nordestino, tentando mudar a sorte trabalhando na construção civil, comendo o pão que o diabo amassou. Do nascimento dos irmãos, das primeiras letras e primeiros números aprendidos com sua mãe.
Desde cedo, Aninha demonstrou gosto pelos livros e foi incentivada por um tio que sempre os mandava de presente.  Encantou-se com “Ou isto, ou aquilo” de Cecília Meireles. Deliciou-se com “O pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry, dentre outros.
O gosto pela música e a sensibilidade aos sons e ritmos teve origem ainda na vida intra-uterina, pois seus pais sempre ouviram e cantaram boas músicas caipiras. Inclusive seu avô boiadeiro, fã de Luíz Gonzaga.
A vida no interior é repleta de sons e cheiros … as canções de trabalho ecoam no infinito… 
“Que tem Maria, que tanto chora
A bata do feijão acabou-se, eu vou embora ” [..]

Depois de tanto ir e vir pelas estradas empoeiradas que ligam o velho Junco, Alagoinhas e São Miguel Paulista – segundo lar do povo nordestino da época – Aninha e sua família fixou morada em Alagoinhas, cidade do interior da Bahia, porém, uma cidade grande (se comparada ao Junco). Casa simples, com móveis de compensado, sem nenhum luxo ou conforto. Na ocasião, a familia era composta pelos pais, Aninha e uma irmã mais nova. Era uma vida simples, porém feliz. Pelo menos para ela.
Matriculada em uma escola pública, dá continuidade à sua aventura rumo ao fantástico mundo do conhecimento. Sempre foi uma menina comunicativa, embora tímida. Coisas de sua personalidade contraditória! É que, apesar da vida dura, cheia de dificuldades e medos, mantinha uma curiosidade e uma força de vontade que a impelia a ousar, descobrir e vivenciar coisas novas. Na época não estava ciente disto, ocorria naturalmente. Tinha vergonha de falar em público, mas se lançava no desafio.
Ficava fascinada com as possibilidades da vida civilizada da cidade grande. Alagoinhas para ela era uma metrópole. Tinha até cinema! E foi lá que assistiu pela primeira vez a um filme. Espetacular!!!
O primeiro contato com uma escola grande, também foi uma experiência fascinante! Um muro branco interminável contornava o espaço no qual encontravam-se diversos módulos de prédios com 2 andares – outra novidade. Na portaria, um negro alto, esguio e muito elegante chamado Joaquim, fazia as honras da “casa”, selecionando quem podia e quem não podia entrar, conferindo minunciosamente o fardamento escolar: calça de tergal azul marinho, camisa branca de malha com o símbolo no bolso do lado esquerdo do peito, sapato preto (K’chute), e meias pretas. Ai de quem desobedecesse às normas do fardamento!
- Tira a camisa de dentro da calça, menina! Nada de cinto, nem pulseira. Tira esse batom que isso aqui não é festa! Cadê a meia preta? Esbravejava Joaquim, sem dó nem piedade, fazendo a infeliz infratora dar meia-volta. Para Aninha, perder um dia de aula era o fim. Por isso, nunca infringia as leis do fardamento.
Logo adaptou-se às novidades: asteamento da Bandeira Nacional toda segunda-feira, momento em que eram obrigados a permanecer enfileirados seguindo a ordem de chamada (ordem alfabética), com a mão direita sobre o peito esquerdo, em posição de respeito, cantando o Hino Nacional e o Hino da Bandeira. Embora seu nome iniciasse com a letra a, Aninha era a vigésima primeira da lista, pois, muitos outros iniciados pela mesma letra viriam antes. Só para se ter uma ideia, só de Ana, eram umas oito: Ana Alice, Ana Cristina, Ana Beatriz, Ana Teresa, Ana Lúcia, etc. As aulas de Teatro no auditório da escola – onde os morcegos dormiam - também chamavam a sua atenção. Mas, nunca gostou muito dos textos sobre o Teatro Grego que a professora de Artes os obrigava a ler, sem fazer a menor contextualização. O prédio do primário (primeira a quarta-série) tremia de vez em quando, gerando pânico. Os abalos sísmicos nunca foram explicados. A verdade é que ficaram alguns meses sem aula, até serem remanejados para outro pavilhão.
No ginásio (Ensino Fundamental II) um professor de Língua Inglesa, chamado Assis, descobriu que o tio de Aninha era um antigo amigo, também professor de Inglês. O que foi suficiente para ela ser bem vista pelo professor. Em compensação, uma professora de matemática, Madalena, não simpatizou muito com ela, e esta antipatia prosseguiu até a oitava série, sendo que na sétima série, Aninha experimentou, pela primeira vez, o gosto amargo da reprovação. Ficou em recuperação de matemática. Inédito em sua vida escolar.
Logo que fixou morada em Alagoinhas, praticamente mudou-se para a casa de sua avó paterna, Dona Duvá, uma senhora amável e cuidadosa. Pelo menos com ela. Vó Duvá levava a netinha para passear na capital na casa das filhas e filhos (tias e tios de Aninha), o que contribuiu para vislumbrar novas possibilidades. Com as primas e primos, a menina simples do interior, começou a experimentar novos cheiros, gostos, e outras sensações. Conheceu o mar, visitou um shooping center, e muitas outras novidades.
Passava o ano inteiro contando os dias para chegar dezembro, mês do seu aniversário e férias escolares. Como uma de suas primas fazia aniversário no mesmo mês, era garantia de festa. Festa das boas!
 


As voltas que o mundo dá

 
Entre as indas e vindas na volta que o mundo dá,
Vou tecendo o meu destino, preparando o terreno
para o meu futuro plantar.
Suando a camisa, correndo para não ter prejuízo,
Não meço esforços, nem canso, no labor do dia a dia.

sábado, 11 de setembro de 2010

Entre o sonho e a realidade


Sonhe, mas, lembre que sonhar somente não é suficiente
Vibre, mas, lembre que vibrar somente não realiza sonhos
Reflita, mas, lembre que a reflexão deve gerar uma ação
Realize, mas nunca esqueça, que és responsável por aquilo que crias.