quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Um grande amigo
Cajueiro de Seu Eli |
Acordei cedo e fui direto ao quintal saudar o dia que acabara de nascer. Esperando encontrar meu amigo Eli com um prato de barro repleto de cajus fresquinhos, como fazia todas as manhãs nos dias em que passamos juntos em sua casa na Ilha. Para a minha surpresa, ele não apareceu!
Eu, a árvore, o cachorro, toda a natureza em volta sentiu uma estranheza em sua ausência. O que haveria acontecido de tão importante para impedir seu ritual?
Existem pessoas que são tão necessárias para o equilíbrio da vida, que o simples fato de pensar em ficarmos distantes delas nos causa ansiedade... Assim eu me sentia naquele instante! Dei uma volta na casa arrodeada de avarandados, olhei as redes que estavam sempre armadas, procurei embaixo da velha mangueira onde costumávamos sentar à noite para prosear, e nada... Ali, ao lado da mangueira ainda ardia as brasas da fogueira que acendíamos, sentávamos em volta e dávamos asas a imaginação.
Olhei em volta, suspirei, e voltei para o cajueiro. Nada.
Ao voltar para a casa encontrei acordadas as outras pessoas da família. Desejei um bom dia a todos e fui preparar o nosso café da manhã, sentindo um vazio inexplicável!
Tudo parecia estranho! O silêncio, o vento, o mar, as árvores, os animais, as pessoas... quando finalmente acordei e lembrei que estávamos ali, mas o velho amigo Eli havia feito "a viagem para o andar de cima".
Fique em paz, meu amigo, pois aqui, estaremos sempre pensando em você!
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Bom Senso
Travessia do Rio São Francisco - Neópolis-SE - Penedo-AL |
Viver, é o único recurso para compreender a vida.
Esperança, único instrumento para não deseperar diante das dificuldades.
Amor, antídoto para a solidão.
O pensamento vagueia,
A imaginação alça voo
Ser Humano é ser ... mais que HUMANO
Sentir, pensar e agir com razão, bom senso e boa intenção.
Companheiros Invisíveis
EUDES, Luiz. Noite de Festa. Rio de Janeiro: CBJE, 2010. p. 21.
Chamava-se Aloísio Carvalho, mais conhecido como Lula. Seu hobbie predileto era colocar o carro na estrada e passar o dia tentando alcançar a linha do horizonte. Quando se convencia de que era impossível, voltava.
Assim era o que fazia duas a três vezes na semana. Na última, sua mãe lhe desejou "boa viagem" de forma inusitada:
- Vá e volte na companhia do seu avó Zé Carvalho e do seu tio Mundinho!
Achou que sua mãe estivesse caducando. Seu avó e o seu tio haviam morrido no ano passado, em desastre de automóvel. Prometeu a si mesmo que, ao retornar, passaria mais tempo com a sua mãe.
O seu primo Cosme também seguiria viagem, em seu próprio carro, pois iria tratar de negócios além de Alagoinhas. Marcaram encontro em um restaurante em Inhambupe, ao final da tarde. Jantariam por lá, e retornariam juntos, quando a noite se fizesse.
Mais ou menos no horário combinado, parou no estacionamento do restaurante em Inhambupe. Havia alguns conhecidos, com os quais ele puxou conversa e, quando se deu conta, já era tarde da noite. E nada do seu primo aparecer. Pagou a conta e resolveu desafiar o breu da estrada, em uma viagem de menos de uma hora. Não sabia o que tinha acontecido com o seu primo, mas desconfiava que ele houvesse se esquecido do trato. Não era a primeira vez que isso acontecia.
O silêncio da noite era interrompido pelo ronco do motor e pelo vento no pára-brisa. Fazia um céu estrelado, límpido, doirado pela luz das estrelas. De vez em quando um meteorito despencava na atmosfera, riscando na noite um facho de luz.
De repente, a porta do carona se abriu, entrando uma lufada de vento. Pensou tê-la deixado destravada e, quando esticou o braço para travá-la, sentiu um arrepio gelado, como se alguma coisa sobrenatural estivesse acontecendo. Mal teve tempo de dominar o medo e a porta traseira também se abriu e fechou, como se alguém tivesse entrado. Impossível. Estava a cem quilômetrs por hora. Fez o sinal da cruz e rezou todas as orações que sabia. As que não conhecia, inventou. Olhou adiante e viu as duas cruzes onde seu avô e o seu tio haviam morrido. Seu corpo retesou. Deu um cavalo-de-pau e acelerou em direção de Inhambupe. Em alguns minutos despontou a placa luminosa de um posto de combustível. Parou no posto para tomar fólego. O dono era seu amigo. Havia alguns carreteiros conversando, pediu um conhaque, bebeu de um gole só, temendo que alguém desconfiasse da sua frouxidão. No posto havia dormitório. Resolveu ficar por ali mesmo e viajar ao nascer do dia. Não contaria nada a ninguém. Pensariam que estivesse bêbado.
No outro dia, quando pagava a conta pra seguir viagem, o dono do posto puxou conversa:
- O seu anjo da guarda é forte! Ontem, mais ou menos na hora em que você resolveu retornar e pernoitar aqui, uma quadrilha de assaltantes fez barreira logo depois da cruz do seu avô, metralhou vários carros e houve três mortes!
Então ele se lembrou das palavras de sua mãe: "Vá e volte na companhia de seu avô Zé Carvalho e do seu tio Mundinho".
Eles haviam salvado a sua vida.
Conto de Luiz Eudes, um amigo querido.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Lançamento de Livro
Os amigos educadores, Clérisson Torres, Maribel Barreto, Norma Mendes, Raimundo Leal e Renata Torres convidam a todos. Prestigiem!
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Click!
Aldeia de Hippie - Arembepe - Bahia |
O sol surgiu escaldante
Janeiros e fevereiros
O rio Capivara secou
Secou também a esperança de um povo
Que luta, que brinca, que chora e sorri
Janeiros e fevereiros
Verão, sol escaldante
Tartarugas marinhas, hippies, coqueiros
O sol brilha igualmente para todos
Rio Imbassaí |
A vida segue seu curso
semelhante às águas de um rio
às vezes calmo, tranquilo
um filete de água contornando os obstáculos
outras vezes, caudaloso, perene, impetuoso
Caminho das águas
Caminho do mar
E a vida segue seu curso
Entrada de Baixio - tirada de dentro do carro em movimento |
Escolhas
Caminhos, estradas, trilhos e trilhas
Escolhas
Visão de mundo, concepção
Escolhas
Paradigmas, controvérsias
Escolhas
Pontos de vista, opinião
Escolhas
O bem e o mal
O bom e o mau
Dentro e fora
Escolhas
Caminho para a Barra de Itariri - dentro do carro |
Ponte sobre o Rio Itariri - também dentro do carro |
Caminho para o Conde |
Vida de viajantes aventureiros
Paixão comum
Terra batida, poeira, sol, rio e mar
Aventuras em família
Água de coco, acarajé com camarão
Moqueca e abará
A poeira arde nos olhos
O sol arde na pele
Respira fundo
Ar puro, cheiro de alecrim
Costela de vaca, terra batida, cascalho
Vida de viajantes
Família de aventureiros
Como dizia Gonzaguinha, Bom dia, natureza!
Baixio |
Da janela lateral do quarto da pousada Encantos
Contemplo o rio e seus antigos moradores
O cheiro do mangue entranha nas narinas
O canto dos pássaros machos tentando atrair as fêmeas para o acasalamento
Estridentes, muitas vezes sombrios
A calmaria das águas
O passo lento dos caminhantes que trafegam pra lá e pra cá
O cheiro bom do café de Dona Zezé
Tudo me atrai
As frutas vermelhas do pé de acerola
O papo gostoso, o som do violão de Luciano
E a gente a cantar, festejando a vida
Homenageando o amor
Saudosos de um tempo bom, que se foi e não tem como voltar jamais
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