sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Click!

Aldeia de Hippie - Arembepe - Bahia
 O sol surgiu escaldante
Janeiros e fevereiros
O rio Capivara secou

Secou também a esperança de um povo
Que luta, que brinca, que chora e sorri

Janeiros e fevereiros
Verão, sol escaldante
Tartarugas marinhas, hippies, coqueiros
O sol brilha igualmente para todos

Rio Imbassaí
A vida segue seu curso
semelhante às águas de um rio
às vezes calmo, tranquilo
um filete de água contornando os obstáculos
outras vezes, caudaloso, perene, impetuoso

Caminho das águas
Caminho do mar

E a vida segue seu curso


Entrada de Baixio - tirada de dentro do carro em movimento
 Escolhas

Caminhos, estradas, trilhos e trilhas
Escolhas

Visão de mundo, concepção
Escolhas

Paradigmas, controvérsias
Escolhas

Pontos de vista, opinião
Escolhas

O bem e o mal
O bom e o mau
Dentro e fora
Escolhas

Caminho para a Barra de Itariri - dentro do carro
Ponte sobre o Rio Itariri - também dentro do carro
Caminho para o Conde

Vida de viajantes aventureiros
Paixão comum
Terra batida, poeira, sol, rio e mar
Aventuras em família

Água de coco, acarajé com camarão
Moqueca e abará

A poeira arde nos olhos
O sol arde na pele
Respira fundo
Ar puro, cheiro de alecrim
Costela de vaca, terra batida, cascalho

Vida de viajantes
Família de aventureiros

Como dizia Gonzaguinha, Bom dia, natureza!


Baixio
Da janela lateral do quarto da pousada Encantos
Contemplo o rio e seus antigos moradores

O cheiro do mangue entranha nas narinas
O canto dos pássaros machos tentando atrair as fêmeas para o acasalamento
Estridentes, muitas vezes sombrios

A calmaria das águas
O passo lento dos caminhantes que trafegam pra lá e pra cá

O cheiro bom do café de Dona Zezé

Tudo me atrai

As frutas vermelhas do pé de acerola
O papo gostoso, o som do violão de Luciano

E a gente a cantar, festejando a vida
Homenageando o amor
Saudosos de um tempo bom, que se foi e não tem como voltar jamais

Um comentário:

  1. Ana, desculpe-me, você diz que não tem nenhuma pretenção de ser poetisa, mas tu és.
    Apenas Vicente de Carvalho, enquanto se banhava num riacho, viu uma flor deslizando n´agua e transformou aquela cena banal numa das mais belas poesias da Literatura Brasileira - " A FLOR E A FONTE" -
    "Deixa-me, fonte! Dizia
    A flor, tontas de terror.
    E a fonte, sonora e fria
    Cantava, levando a flor
    .....
    Chorava a for e gemia,
    Branca, branca de terror,
    E a fonte sonora e fria
    Rolava, levando a flor".

    Você tem o mesmo dom; a mesma visão: transformar em poesia os fatos mais comuns, à vista.
    Meus parabéns.

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